Paris vai ter uma concept store, definida como “revolucionária”, por querer mudar o modelo de compra e de venda e por ter apenas produtos portugueses “de luxo e premium luxo”, de acordo com Carlos Sereno e Luís Filipe Neto, os seus fundadores. . O objectivo, é “apresentar, com muito orgulho, o que é Portugal hoje”, aproveitando a tradição, o “savoir-faire” e posicionando o país “na nova geração”, com uma imagem contemporânea.
A loja pretende assim ser o pontapé de saída da internacionalização da eNeNe – Novos Navegadores, “a primeira marca portuguesa de luxo, premium luxo e a primeira marca portuguesa internacional de moda”.
A concept store abriu as portas a 8 de Fevereiro de 2018, numa das ruas mais movimentadas do bairro do Marais, em Paris — onde passa uma média de 30 milhões de pessoas por ano, de acordo com a dupla de empresários. O objectivo, avançam, é abrir, nos próximos anos, lojas em Portugal, na Ásia, África do Sul, Bogotá e Nova Iorque.
Loja sem preços visíveis
“É um espaço revolucionário que é inédito mundialmente, com uma nova proposta de experiência cliente de retalho a que chamamos de physital concept: é uma mistura de ‘físico’ e ‘digital’ e vai ser mesmo uma das nossas entidades em termos de ADN da marca”, afirmou o lusodescendente Carlos Sereno, assegurando que quer ter “a loja mais hype de Paris”.
O physital concept vai cruzar o espaço físico com o e-commerce: a loja não vai ter preços visíveis nem caixas registadoras, porque os produtos vão estar identificados com códigos QR com cinco cores correspondentes a uma gama de preços, e será o cliente a digitalizar esse código no seu smartphone.
A compra poderá ser finalizada no telemóvel ou com a ajuda dos vendedores, “hospedeiros e hospedeiras de bordo”, munidos de um tablet, todos lusófonos e vestidos com um macacão alta-costura assinado pelo designer Luís Carvalho.
“A ideia é propor um percurso seamless, ou seja, minimizar ao máximo as interacções do cliente até à compra. Por exemplo, num site, o cliente tem a identificação, o cesto das compras, depois paga. Nós queremos diminuir todas estas etapas e fazer com que o cliente só tenha de fazer o scanner do produto, pôr no cesto, comprar e ir embora”, descreve Joana Pacheco, directora-executiva dos Novos Navegadores.
Nas paredes da loja, vai haver hologramas de produtos ou animações, enquanto a cenografia nas prateleiras quer “contar histórias”, como por exemplo, “uma linda garrafa de vinho do Porto ao lado de um vaso da Vista Alegre em cristal, e um livro sobre analogia portuguesa”.
Ao longo de 150 metros quadrados, a loja vai reunir “unicamente produtos do sector premium luxo e do luxo do que se faz melhor hoje em dia em Portugal” nas áreas do calçado, roupa, alta ourivesaria, novas tecnologias, casa, design, gourmet, papelaria e livraria, acrescentou Carlos Sereno.
Para Carlos Sereno, que nasceu em Paris, o objectivo é valorizar o made in Portugal e “polir o diamante” da produção portuguesa para “vender em nome dos portugueses”, pelo que “tudo o que vai estar na loja vai ter a etiqueta da pessoa que produziu”.
“É importante valorizar as pessoas que estão em Portugal. Portugal sem os seus fornecedores não é nada. Em todos os sectores, seja a música, gastronomia, livraria, vamos poder ajudar as pessoas a estar presentes, a fazer a promoção dos produtos na nossa loja como se fôssemos um cantinho de Portugal aqui em Paris”, continua o arquitecto e empresário.
Também Luís Filipe Neto sublinha que a loja dos Novos Navegadores, no bairro onde estão marcas como Dior, John Galliano, Gucci, Chanel, Fendi ou Karl Lagerfeld, pretende ser uma vitrina da produção portuguesa para reparar uma injustiça que constatou quando chegou a Paris há 14 anos. “Quando cheguei, foi com grande surpresa que vi muitas marcas, não portuguesas, como Christian Dior, Louis Vuitton, Chanel e companhia, em que a produção era quase toda feita em Portugal”, recorda o português de 38 anos, apontando que os lucros da mão-de-obra portuguesa iam para essas marcas internacionais.
Apesar de considerar que a qualidade já era marca portuguesa de fabrico há dez anos, Luís Filipe Neto admite que a sua loja não teria sido possível nessa altura, porque “Portugal não estava na moda”, nem tinha ganhado “o Euro de futebol, a Eurovisão e o prémio como melhor destino turístico do mundo”.
A dupla portuguesa investiu 3 milhões de euros na abertura desta Concept Store.
Notícia by Publico.pt
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